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imagem: internet

 

“Eu estava assistindo uma entrevista memorável com Jimmy Carter e o Bispo Desmond Tuti em uma reunião aqui no Brasil da Fundação Elders, e fui surpreendido por uma frase do Bispo Desmond que me mostrou como a relação do homem, mesmo um homem da igreja, é frágil com relação a Deus. Foi interessante entender a forma aberta e inteligente com que Jimmy Carter colocou suas idéias sobre América Latina, atitudes mundiais, relação entre palestinos e judeus dentre outras, por outro lado foi uma decepção ouvir o que disse o bispo.

Quando este foi questionou sobre o que ele perguntaria a Deus quando e se estivesse em a Ele, a resposta me deixou triste, pois esperava uma visão melhor do bispo. Aliás, o bispo Desmond durante toda a entrevista falou de modo vago, sem muita consistência sobre fatos atuais. A tentativa de parecer humanista acabou ficando a meu ver, vaga e vazia, apenas alguns modelos e chavões já muito usados como resposta.

Mas voltando ao que disse o bispo, a resposta foi que ele perguntaria a Deus porque ele permitiu tanta injustiça.

Eu jamais poderia esperar de alguém laureado com um prêmio Nobel algo tão tolo. Pareceu-me que o bispo desconhece a lei de causa e do efeito, desconhece que justiça e injustiça são conceitos humanos, não existe no universo, senão vejamos: Quando um cometa atinge um planeta com vida e extermina tudo, isto foi uma injustiça divina? Quando um vulcão explode sem dar notícia e mata toda uma comunidade a sua volta, Deus estava distraído ou resolveu punir todos que estavam ali, inclusive crianças e animais inocentes?

Para mim isto é claro, não existe injustiça na mente divina, o que há é o resultado do que fazemos e fizemos. Se agimos de modo incorreto ou de modo correto as consequências virão. Uma análise isenta de tudo que nós consideramos “injusto” nos mostrará que só ocorreu porque quem tinha de agir, não agiu, quem tinha de reagir não reagiu, quem se acomodou, quem não interferiu, pagou pelo seu comodismo, covardia ou crença equivocada.

Deus não é justo nem injusto na minha concepção. Deus ou a Divindade como queiram, provisionou os meios e se usamos estes meios de forma errada, como reação natural teremos resultados que parecerão injustos. Aqueles que são explorados, que sofrem injustiças só o são porque de modo geral não agiram ou não agiram quando deveriam ter feito alguma coisa.

Vejam os exemplos de quem produziu mudanças expressivas na história da humanidade. Jesus e Gandhi são os mais conhecidos pela nossa civilização. Ambos são marcados pela não aceitação do fato consumado, e por terem lutado com as armas que dispunham, a palavra e as ideias. Eles produziram mudanças e não foram injustiçados, mesmo que pareça que foram.

Na verdade apenas se cumpriu o que seria consequência natural de suas vidas e sem as “injustiças” que foram cometidas não haveria o peso necessário nos seus atos e palavras. Vale muito bem para Jesus e nem tanto para Gandhi, mas as ideias de ambos tomaram forma e peso definitivo diante da tragédia de suas mortes, sem comparação entre um e outro.

Então precisamos parar de pensar que existe injustiça de Deus. O que existe na verdade é falta de vontade do ser humano em viver de acordo com as regras básicas e fundamentais da natureza, onde para cada ação existe uma reação em sentido contrário de igual intensidade, e isto nunca mudou e nem vai mudar. Se o homem quer ver a justiça de Deus ou do que ele acredita ser a força que rege tudo, deve agir, tomar decisões, não se acovardar.”

 

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Dr. Alexander Saliba

Clínico Geral e Pediatra

Especialista em Homeopatia

CRM-DF: 3200

www.alexanderjsaliba.med.br