“Como julgamos facilmente” – Conversando sobre saúde com o Dr. Alexander Saliba
Todos nós, com raríssimas exceções, julgamos os outros segundo nossas crenças e modelos, sem, contudo levarmos em conta o porquê do que julgmaos. Julgamos sem o menor temor de errarmos e o fazemos na maioria das vezes, certos de que estamos agindo de forma correta e que a verdade está conosco. Muitas vezes julgamos e expressamos nossos julgamentos com a maior facilidade, e é impressionante a veemência e certeza que temos ao defender nossos pontos de vista.
Quem é capaz de passar sem um pensamento ou mesmo um comentário, diante de uma situação que lhe incomoda estética ou moralmente? Uma roupa que para nós é estranha, um penteado considerado por nós maluco, um casal que fuja aos padrões, como por exemplo alguém muito jovem com outra pessoa muito mais velha, e por ai vai. Qualquer fuga do “status quo” nos provoca arrepios.
Somos todos de uma forma ou outra, primitivamente conservadores. Não admitimos nada que fuja ao “lógico” e ao “certo” dentro de nossa ótica quase sempre míope e desfocada do que é lógico e do que é certo. Guardamos todos, na verdade, o ranço amargo das velhinhas fuxiqueiras do interior cuja única forma de diminuírem suas frustrações é tentarem controlar a vida dos outros, e falarem, falarem e falarem.
Porque será que temos a necessidade tão forte de exigir dos outros que vivam de acordo com os nossos padrões, conceitos e preconceitos? Porque será que precisamos tanto da unanimidade de opiniões e de atitudes? Isto é algo que intriga até porque é um mal que me ataca como a qualquer outra pessoa, e mesmo tendo tentado combater ao longo da minha vida este comportamento tão ruim, às vezes me pego comentando comigo mesmo algo que me incomoda nas atitudes alheias. Será que algum dia vou conseguir só observar sem criticar?
Incomoda e muito meus comentários e pensamentos que as vezes expresso sem a menor dúvida, sobre assuntos que de alguma forma bolinam no meu “bom senso”. Porque será que não sou capaz de simplesmente olhar e deixar passar despercebido fatos que são tão naturais como o dia ou a noite? Acho que sei porque: eu sou preconceituoso mesmo não querendo admitir! Então como uma pessoa preconceituosa e que acha que contém a reserva universal do conhecimento vai deixar passar algo com o que não concorda ou que lhe incomoda tanto? É um dilema. Eu, como a maioria de vocês, tenho uma enorme dificuldade em aceitar que a felicidade é maior e mais forte que os conceitos e os preconceitos e por isto reajo.
Vou ficar muito mais feliz comigo mesmo quando conseguir ver uma situação que me incomoda e parar para pensar porque este fato ocorre. Tenho certeza que quando conseguir primeiro pensar a cada um cabe suas decisões e ficar remoendo os porques antes de fazer meu comentário crítico, serei mais feliz, pois coisas que me incomodam vão deixar de me incomodar e comentários ou críticas que faço vou deixar de fazer.
Quero um dia, ter a capacidade de ver o que considero ridículo ou absurdo em outras pessoas e compreender que aquilo é algo que aquela pessoa gosta, portanto é válido e não cabe a mim julgar ninguém. Tenho lutando para compreender cada vez mais a alma humana e suas necessidades e para parar definitivamente de julgar as outras pessoas pelo meu diapasão. Um dia eu chego lá!
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